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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Cartão de crédito solução ou perdição?

"Será que a fatura mensal do meu cartão de crédito é uma tragicomédia”, já dizia um professor meu da faculdade. "Fito os olhos no débito, como se um estranho ser dentro de mim, algum monstro, tivesse saído por aí numa orgia de gastos em lojas de brinquedos, loja de eletrodomésticos, supermercados e postos de gasolina"

Minha mãe, sempre me falou também que acha fácil endividar-se com os cartões. Diz ela: “Usar cartões de crédito não dói. Eu não gastaria dinheiro vivo desse jeito. Comprar com cartões de crédito é diferente. Você nunca vê o dinheiro. Basta entregar o cartão, e o cartão volta para você."

Não é para menos que a dívida em cartões de crédito subiram quase 20% no ano de 2009, chegando em dezembro desse ano a mais de 26 bilhões de reais aqui no Brasil — mais de US$ 1.000 por usuário, em média! No entanto, as administradoras de cartões continuam a cortejar novos clientes com incentivos tais como baixas taxas de juros iniciais e isenção de anuidades. Quantas ofertas de cartão de crédito você recebeu nos meses recentes? Com certeza milhares, o que eles querem? Provalmente o  seu dinheiro, o seu tempo e sua paciência, creio eu.

No Japão, há mais cartões de crédito do que telefones; uma média de dois cartões por japonês com mais de 20 anos. No restante da Ásia há mais de 120 milhões de cartões emitidos, cerca de um cartão por 12 habitantes.  fiz uma pesquisa e pude ecnontrar James Cassin, da MasterCard International, diz: “A Ásia é, disparado, a região de maior expansão nas transações com cartões de crédito.” O presidente da Visa International, Edmund P. Jensen, prediz: “Seremos por muito tempo uma sociedade cartocêntrica.”

Evidentemente, os cartões de crédito invadirão cada vez mais o cotidiano das pessoas. Quando usados bem, podem ser um benefício. O mau uso, porém, pode ser doloroso. Noções básicas sobre cartões de crédito poderão ajudá-lo a usar esse instrumento financeiro em seu benefício. Passarei alguns abaixo vejam:

Tipos de cartão

Os cartões mais aceitos são os cartões bancários, como o Visa e o MasterCard. São emitidos por instituições financeiras, com anuidades em geral de 15 a 25 dólares. Essa anuidade pode ser dispensada, dependendo do bom crédito do cliente e de seu uso criterioso do cartão. A quitação pode ser integral, uma vez por mês, em geral sem juros, ou em mensalidades com juros altos. Fixa-se um limite de gastos, dependendo do crédito do interessado. O limite em muitos casos é aumentado, segundo a capacidade de pagamento demonstrada.

 Os cartões bancários oferecem também adiantamento de dinheiro em “caixas eletrônicos” ou em cheques do banco. Esse dinheiro, porém, custa caro. Em geral, paga-se de 2 a 5 dólares para cada cem dólares emprestados. E os juros sobre tais adiantamentos correm a partir do dia da retirada do dinheiro.

Além dos bancos, muitas lojas e cadeias de lojas nacionais emitem cartões de crédito que são aceitos em seus próprios estabelecimentos. Esses cartões, em geral, não têm anuidades. Mas, se o débito não for pago integralmente, os juros poderão ser mais altos do que os de cartões bancários.

Algumas empresas petrolíferas também emitem cartões, sem anuidades. São aceitos, em geral, apenas nos postos de abastecimento da empresa e, em certos casos, em alguns hotéis. Como nos cartões emitidos por lojas, podem ser quitados integralmente sem juros, ou parceladamente, com juros.

Há também cartões para viagem e lazer, como o Diners Club e o American Express. Esse tipo de cartão cobra anuidade, mas não juros, pois o pagamento integral deve ser feito no recebimento da fatura mensal. As diferenças entre esses cartões e os cartões bancários, porém, são vagas. O American Express, por exemplo, oferece também o cartão Optima, que cobra juros e é similar ao cartão bancário.

Um tipo diferente de cartão que está entrando no mercado americano é o “cartão inteligente”, assim chamado por causa de um chip de memória embutido nele. Pode ser usado para sacar dinheiro, pois o chip pode ser programado para aceitar até determinada quantia. O valor da compra pode ser deduzido do cartão, por um vendedor afiliado. No ano passado, os franceses já usavam 23 milhões desses cartões, e os japoneses 11 milhões. Há previsões de que esse número dispare para mais de um bilhão no mundo, por volta do ano 2020.
Antes de adquirir um cartão, é bom inteirar-se dos termos do crédito. “Cláusulas de crédito importantes a considerar”, segundo um folheto do Federal Reserve System, o Banco Central dos EUA, são “o custo percentual anual (sigla APR, em inglês), a anuidade e prazos de vencimento”. Outros fatores a considerar são as taxas sobre adiantamento de dinheiro e saques acima do limite, bem como os custos por atraso de pagamento, eu sempre uso os Estados Unidos como referência por que ela é o centro das economia mundial, tudo parte de lá,  é a base da pirâmide da econômia, por isso uso como paramêtro.

Os verdadeiros custos

Os custos financeiros quando não se paga integralmente a fatura mensal podem ser bem mais altos do que a maioria imagina. Por exemplo, considere o APR, que mede o verdadeiro custo do crédito. A relação da taxa de juros anual com o APR pode ser assim ilustrada: digamos que você empreste 100 dólares a um amigo e ele lhe devolva 108 dólares, depois de um ano. Nesse caso, ele pagou 8% de juros anuais. Mas, suponha que ele pague esse empréstimo de 100 dólares em doze mensalidades de 9 dólares. O total depois de um ano ainda será 108 dólares, mas você, que emprestou, terá tido o uso do dinheiro à medida que as mensalidades eram pagas. O APR sobre tal empréstimo resulta ser 14,5 por cento.

Segundo pesquisa feita pelo Federal Reserve System, os APRs dos cartões de crédito bancários começam com 9,94% e chegam a 19,80%, sendo em geral entre 17% e 19%. Embora algumas instituições ofereçam taxas iniciais mais baixas, tipicamente 5,9%, essas podem aumentar assim que termine o período inicial. As taxas são também aumentadas caso a emitente do cartão detecte um aumento de risco. Algumas emitentes penalizam os devedores em atraso aumentando a taxa de juros. Aplica-se também uma penalidade quando se ultrapassa o limite de gastos.

Nos países asiáticos, as taxas anuais sobre os cartões podem ser muito altas. Alguns cartões bancários cobram 24% em Hong Kong, 30% na Índia, 36% na Indonésia, 45% nas Filipinas, 24% em Cingapura e 20% em Taiwan, por exemplo, de acordo com pesquisa feita pela internet.

Obviamente, os cartões de crédito oferecem crédito fácil, mas muito caro. Entrar numa loja e acumular débitos que você só poderá pagar parceladamente é como entrar num banco e tomar empréstimo a juros exorbitantes. No entanto, quase 3 em cada 4 portadores de cartões nos EUA fazem exatamente isso! Eles têm dívidas sobre as quais pagam juros elevados. Ali, no ano passado, o saldo devedor médio mensal nos cartões Visa e MasterCard foi de US$ 1.825, e muitas pessoas devem quantias como essa em vários outros cartões de crédito.

Pode ser uma armadilha



Os usuários de cartões de crédito não se dão conta dos apuros financeiros em que se podem meter. O usuário que paga uma mensalidade mínima de US$ 36, numa conta de US$ 1.825, levaria mais de 22 anos para quitá-la. Por causa dos juros, nesse período ele terá pago uns US$ 10.000 para o débito inicial de US$ 1.825. E isso sem jamais lançar outro débito no seu cartão! Portanto, se você tende a gastar demais, os cartões de crédito na sua carteira podem ser uma armadilha.

Como as pessoas caem na armadilha? Compramos coisas desnecessárias. Associamo-nos a uma academia de saúde e ginástica que nunca usamos. Compramos uma casa-móvel e gastamos milhares de dólares consertando-a sem considerar se valia a pena. Jamais realmente pesamos as conseqüências de nossas dívidas.”

Renata, também mencionada no artigo anterior, explica o que aconteceu com ela e seu marido, Miguel: “Simplesmente nos atolamos em dívidas. Depois do casamento, compramos tudo o que precisávamos com cartões de crédito. Para seguros de saúde e compras em que não podíamos usar os cartões, sacávamos dinheiro com eles. Em um ano, a nossa dívida chegou a US$ 14.000. Ao percebermos que a maior parte das mensalidades cobriam apenas os juros, abrimos os olhos.”

Vale a pena ter cartões?

 Em vista do atoleiro financeiro em que os cartões de crédito já meteram milhões de pessoas, alguns talvez respondam “não”. Camila uma vizinha minha de 32 anos, diz: “Meus pais nunca tiveram cartão de crédito, e nem querem ter.” Realmente, nos EUA, 1 em cada 4 portadores de cartões de crédito sabe usá-los bem. Quem faz isso deriva os benefícios sem a dor de pagar juros astronômicos. Maria é um destes. “Acho muito prático”, diz. “Não preciso levar muito dinheiro. Se vejo em liquidação algo de que preciso, posso comprá-lo.”

Ela continua: “Sempre me certifico de ter fundos suficientes para cobrir a compra. Nunca usei a opção de adiantamento de dinheiro. E nunca tive de pagar taxas adicionais.” O cartão de crédito é prático para reserva de hotel e, nos EUA, é indispensável para se alugar um carro, no Brasil é muito usado para fazer compras nos supermecados e a compra dos materiais escolares dos filhos, os que sabem usar com moderação é claro.

Mas há pessoas mais impulsivas na hora das compras. Poderão tornar mais racional o ato de comprar fazendo mais pagamentos à vista. tem pessoas que decidem como eu,  não usar nenhum cartão de crédito  — exceto numa emergência.

Usar ou não usar cartões de crédito é assunto pessoal. Se usar, use-os com cuidado. Use-os como conveniência. E evite por todos os meios acumular débitos. Controlar os gastos com cartões de crédito é um passo importante na boa gestão de suas finanças.

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