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sábado, 26 de novembro de 2011

Fiz uma pesquisa e achei o texto interessante.


Como conviver com um transtorno do humor




OS TRANSTORNOS do humor são assustadoramente comuns. Só para citar um exemplo, calcula-se que mais de 330 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão grave, condição caracterizada por tristeza devastadora e perda de prazer em realizar as atividades diárias. Estima-se que em 20 anos, depois das doenças cardiovasculares, a depressão será a moléstia que atingirá o maior número de pessoas. Não é de admirar que, entre as doenças mentais, a depressão seja considerada ‘tão comum quanto um resfriado’.
Em anos recentes, o distúrbio bipolar tem recebido maior atenção do público. Os sintomas dessa doença incluem flutuações drásticas de humor, que oscilam entre a depressão e a mania (euforia exagerada). “Na fase depressiva”, diz um livro recente publicado pela Associação Médica Americana, “a pessoa pode ter pensamentos suicidas recorrentes. Na fase maníaca, ela pode perder totalmente o senso crítico e não enxergar o dano causado pelas suas ações.”
Há estimativas de que o distúrbio bipolar afeta 2% da população dos Estados Unidos, o que significa que há milhões de pessoas com essa doença só naquele país. Mas as estatísticas não dão idéia do sofrimento das pessoas que têm de conviver com um distúrbio do humor.

Depressão — tristeza devastadora




A maioria de nós já nos sentimos tristes. Mas em geral o humor melhora em questão de horas ou dias. A depressão clínica, porém, é muito mais grave. Em que sentido? “Quem não tem depressão sabe que as flutuações de humor são passageiras”, explica o Dr. Mitch Golant. “Mas o indivíduo deprimido tem altos e baixos e alternâncias freqüentes de humor, como se estivesse num trem desgovernado, sem saber direito como ou quando — ou se — vai descer dele.”
Existem diversos tipos de depressão clínica. Algumas pessoas, por exemplo, sofrem do que é chamado de distúrbio afetivo sazonal, que se manifesta numa época específica do ano — geralmente no inverno. “As pessoas com esse distúrbio dizem que quanto mais perto do pólo ártico vivem, e quanto mais nublado o tempo, pior a depressão”, declara um livro publicado pela Sociedade Médica do Povo. “Embora o distúrbio afetivo sazonal tenha sido associado principalmente a dias sombrios de inverno, em alguns casos tem a ver com ambientes de trabalho escuros, dias nublados ou problemas de vista.”
Qual é a causa da depressão clínica? Não se sabe ao certo. Em alguns casos, fatores genéticos podem estar envolvidos. Contudo, na maioria das vezes, as experiências pelas quais a pessoa passa na vida parecem exercer grande influência. Observa-se também que essa doença atinge duas vezes mais mulheres do que homens. Mas isso não significa que os homens sejam imunes. Muito pelo contrário, calcula-se que entre 5% e 12% dos homens terão depressão clínica em alguma época de suas vidas.
Esse tipo de depressão afeta praticamente todos os aspectos da vida. “Ela abala profundamente a pessoa”, diz Sheila, que sofre de depressão. “Corrói a autoconfiança, a auto-estima, a capacidade de pensar com clareza e de tomar decisões. Quando se está no fundo do poço, ela pressiona ainda mais, só para ver se você agüenta.”
Às vezes a pessoa pode obter muito alívio desabafando seus sentimentos com alguém compreensivo. (Jó 10:1) Mesmo assim deve-se admitir que, quando fatores bioquímicos estão envolvidos, pensamentos positivos por si só não bastam para afastar a depressão. Na verdade, em tais casos, a pessoa não tem controle sobre o humor. Além disso, a própria pessoa pode se sentir tão confusa com a situação quanto os familiares e os amigos.
Tomemos o caso de Paula, uma mulher cristã que passou por fases incapacitantes de tristeza intensa antes de se diagnosticar a sua depressão. “Às vezes, depois das reuniões cristãs”, diz ela, “eu corria para o carro e chorava sem nenhum motivo. A solidão e a angústia que eu sentia eram insuportáveis. Embora tivesse prova suficiente de que tinha muitos amigos que se preocupavam comigo, eu simplesmente não conseguia enxergar isso.”
Algo similar aconteceu com Ellen, que teve de ser internada por causa da depressão. “Tenho marido, dois filhos e duas noras maravilhosas — e sei que todos eles me amam muito”, diz. Tudo indicava que ela não tinha motivos para se sentir infeliz e que era muito querida pela família. Mas quando a pessoa está deprimida, os pensamentos negativos — por mais descabidos que possam parecer — podem dominar a pessoa.
Não se deve desperceber o forte impacto que a depressão pode ter sobre os membros da família. “Quando alguém que você ama está deprimido”, escreve o Dr. Golant, “você praticamente vive na incerteza, pois nunca sabe quando a pessoa vai sair ou entrar numa crise depressiva. É possível que sinta um grande vazio — ou até mesmo tristeza e raiva — de que as coisas saíram do seu curso normal e talvez nunca mais voltem a ser como antes.”
Muitas vezes os filhos sabem quando o pai ou a mãe estão deprimidos. “A criança que tem mãe deprimida se torna muito sensível ao estado emocional da mãe e consegue detectar cada flutuação sutil e cada mudança de humor”, escreve o Dr. Golant. A Dra. Carol Watkins diz que os filhos cujo pai ou mãe são deprimidos têm “maior propensão a apresentar problemas de comportamento, dificuldade de aprendizagem e de relacionamento com colegas. Eles também têm maior probabilidade de serem depressivos.”

A imprevisibilidade dos distúrbios bipolares

A depressão clínica sem dúvida é um problema difícil. Mas quando é acompanhada por períodos de euforia, a doença é chamada de distúrbio bipolar. “A única coisa previsível a respeito do distúrbio bipolar é que ele é imprevisível”, diz Lucia, que tem essa doença. Nas fases de mania, diz o The Harvard Mental Health Letter, a pessoa “pode se tornar insuportavelmente inconveniente e dominadora, e a euforia descomedida e agitada pode facilmente transformar-se em irritabilidade ou raiva”.
Lenore se lembra das suas fases de mania. “Eu tinha uma energia inesgotável”, diz. “Muita gente me chamava de mulher-maravilha. As pessoas diziam: ‘Queria ser como você!’ Em geral me sentia poderosa, como se pudesse realizar qualquer coisa. Fazia exercícios sem parar. Dormia só duas ou três horas por noite, mas acordava com o mesmo pique.”
Mas depois de algum tempo, ela começou a se sentir melancólica. “No auge da euforia”, diz ela, “eu sentia uma agitação interna, não conseguia desligar. De uma hora para outra, o meu bom-humor se transformava em agressividade destrutiva. Ofendia alguém da família sem nenhuma razão aparente. Ficava furiosa, era grosseira e perdia todo o controle. Depois dessa explosão assustadora, de repente ficava cansada, chorosa e extremamente deprimida, me sentindo inútil e má. Ou então recobrava a alegria como se nada tivesse acontecido.”
Membros da família muitas vezes se sentem confusos com o comportamento imprevisível dos que têm distúrbio bipolar. Mary, cujo marido tem distúrbio bipolar, diz: “Às vezes fico confusa de ver meu marido alegre e comunicativo e daí, de repente, ficar desanimado e se fechar. É muito difícil aceitar que ele praticamente não tem controle sobre isso.”
Ironicamente, a própria pessoa se sente igualmente — se não mais — aflita com o problema. “Invejo pessoas que são equilibradas e estáveis”, diz Gloria, que sofre da doença. “Para quem tem distúrbio bipolar, os momentos de estabilidade são muito raros.”
O que causa o distúrbio bipolar? O componente genético é mais determinante do que na depressão. “De acordo com alguns estudos científicos”, diz a Associação Médica Americana, “os membros da família imediata — pais, irmãos ou filhos — dos que têm depressão bipolar correm de 8 a 18 vezes maior risco de desenvolver a doença do que os parentes próximos das pessoas saudáveis. Além disso, a pessoa que tem alguém na família imediata com depressão bipolar pode ser mais vulnerável a depressão profunda.”
Diferentemente da depressão, o distúrbio bipolar parece afetar homens e mulheres na mesma proporção. Na maioria dos casos, a doença se manifesta no início da fase adulta, mas pode acometer adolescentes e até crianças. No entanto, mesmo para os especialistas, não é nada fácil analisar os sintomas e chegar a um diagnóstico correto. “O distúrbio bipolar é o camaleão dos transtornos psiquiátricos. Os sintomas variam de um paciente para outro, e o mesmo paciente pode apresentar sintomas diferentes a cada episódio”, escreve o Dr. Francis Mark Mondimore, da Universidade Johns Hopkins de Medicina. “Ele pode acometer a pessoa com melancolia profunda, desaparecer por anos, e daí atacar novamente — mas com uma euforia desmedida.”
Torna-se claro que os transtornos do humor são difíceis de diagnosticar, e conviver com eles pode ser ainda mais difícil. Mas a situação não é sem esperança.

Sintomas da depressão profunda




● Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, por pelo menos duas semanas
● Perda de interesse em atividades que antes davam prazer
● Perda ou aumento significativo de peso
● Dormir demais ou, ao contrário, sofrer de insônia
● Rapidez ou vagarosidade fora do normal no desempenho de atividades motoras
● Fadiga excessiva, sem causa discernível
● Sentimentos de inutilidade e/ou de culpa sem fundamento
● Diminuição na capacidade de concentração
● Pensamentos recorrentes de suicídio
  Alguns desses sintomas podem também indicar distimia — uma forma de depressão branda, porém mais crônica



Como obter alívio




NO PASSADO, as pessoas costumavam evitar quem tinha transtornos do humor. O resultado é que muitos eram marginalizados. Alguns eram discriminados no trabalho. Outros eram deixados de lado por membros da própria família. Em geral isso só servia para agravar o problema e impedir que a pessoa recebesse ajuda.
Mas em décadas recentes o grande avanço na área da saúde mental tem permitido uma maior compreensão da depressão clínica e do distúrbio bipolar. Sabe-se agora que essas doenças podem ser tratadas. Mas isso nem sempre é fácil. Por quê?

Reconhecer os sintomas

Transtornos do humor não são diagnosticados com um simples exame de sangue ou raio X. É preciso monitorar por determinado período o comportamento, o padrão de pensamento e o senso crítico da pessoa. Diversos sintomas devem estar presentes para se estabelecer um diagnóstico. O problema é que às vezes os membros da família e os amigos não percebem que o comportamento da pessoa é causado por um transtorno de humor. “Mesmo quando as pessoas concordam que alguém não tem um comportamento normal”, escreve o Dr. David J. Miklowitz, “podem ter opiniões bem diferentes sobre por que a pessoa age de determinada forma”.

Além do mais, mesmo quando membros da família acham que o problema é grave, pode ser difícil convencer o doente de que ele precisa de assistência médica. Ou, se você tem o problema, pode ser que não se sinta inclinado a procurar ajuda. O Dr. Mark S. Gold escreve: “É possível que você realmente acredite nos pensamentos que lhe vêm à mente quando está deprimido: que você é inútil, que não tem jeito mesmo, e por isso não adianta nada procurar tratamento. Pode ser até que queira consultar um médico, mas acha que a depressão é algo vergonhoso, que tudo é culpa sua . . . . Talvez não saiba que o que está sentindo são sintomas da depressão.” No entanto, os que têm depressão profunda precisam de assistência médica.

É claro que todos nós nos sentimos “para baixo” de vez em quando e isso não necessariamente significa que tenhamos transtorno de humor. Mas que fazer quando esse sentimento parece mais forte do que uma simples melancolia? E se persistirem por um período mais longo do que o normal — talvez duas semanas ou mais? Além disso, suponhamos que a depressão esteja atrapalhando suas atividades normais no trabalho, na escola ou no convívio social. Nesse caso, seria bom consultar um especialista em transtornos do humor, que terá condições de diagnosticar e tratar a doença.

Quando há um desequilíbrio bioquímico, é possível que haja necessidade de medicação. Em outros casos, talvez se recomende um programa de aconselhamento para ajudar a pessoa a aprender a lidar com a situação. Às vezes, a combinação dos dois métodos produz bons resultados. O importante é procurar ajuda. Lenore, que tem distúrbio bipolar e foi mencionada no artigo anterior, diz: “Muitas vezes a pessoa fica assustada e tem vergonha de dizer que tem a doença. Mas é muito pior quando suspeita que tem o problema e não procura a ajuda de que tanto precisa.”
Lenore sabe do que está falando porque passou por isso. “Fiquei praticamente de cama por um ano”, diz ela.

“Daí um dia, quando eu estava me sentindo um pouco mais forte, decidi ligar marcando uma consulta com um médico.” Lenore recebeu o diagnóstico de que tinha distúrbio bipolar e o médico lhe prescreveu uma medicação. Aquilo fez toda a diferença na sua vida. “Eu fico bem quando tomo a medicação”, diz ela, “embora tenha de continuar lembrando a mim mesma de que, se parar com a medicação, todos os sintomas voltarão de novo”.

O mesmo acontece com Brandon, que tem depressão. “Quando eu era adolescente, nutria idéias suicidas porque me sentia inútil. Mas só fui procurar um médico depois dos 30”, diz ele. Brandon não só toma medicação, como também faz outras coisas que ajudam a driblar a depressão. “Para melhorar o meu bem-estar geral, cuido da mente e do corpo. Procuro descansar e ter uma alimentação equilibrada. E encho a mente e o coração com pensamentos positivos da Bíblia.”
Mas Brandon faz questão de salientar que a depressão clínica é um problema de saúde, não espiritual. Saber disso é muito importante para a recuperação. Brandon diz: “Certa vez, um irmão bem intencionado me disse que visto que Gálatas 5:22, 23 diz que a alegria é um dos frutos do espírito santo de Deus, eu devia estar deprimido por ter feito algo para bloquear esse espírito. Aquilo me fez sentir ainda mais culpado e deprimido. Mas assim que comecei a fazer o tratamento, me senti bem melhor. Eu só me arrependo de não ter começado o tratamento mais cedo.”

Como vencer a batalha



Mesmo depois de se ter o diagnóstico e começar o tratamento, é provável que a pessoa continue a ter os seus desafios para lidar com a doença. Kelly, que luta contra a depressão profunda, sente-se grata pela ajuda profissional que tratou dos aspectos clínicos de sua depressão. Mas ela constatou que o apoio de outros é fundamental. No início, Kelly não queria contar o problema para outros porque não desejava ser um fardo. “Eu tive de aprender não só a procurar ajuda, mas a aceitá-la”, diz. “Só consegui parar de me afundar na depressão depois que passei a me abrir e falar francamente dos meus sentimentos.”
Kelly é Testemunha de Jeová e assiste às reuniões com outros cristãos no Salão do Reino. Mas com freqüência, mesmo essas ocasiões felizes são difíceis para ela. “Muitas vezes não suporto as luzes, o barulho e ficar no meio de gente. Daí me sinto culpada e a depressão aumenta porque acho que isso reflete falta de espiritualidade.” Como Kelly lida com essa situação? Ela diz: “Aprendi que a depressão é uma doença que precisa ser tratada. Não tem nada a ver com o meu amor a Deus ou por meus irmãos cristãos. Não é reflexo da minha espiritualidade.”
Lucia, já mencionada nesta série de artigos, sente-se grata pela excelente assistência médica que obteve. “Consultar um especialista de saúde mental foi muito importante para eu aprender a lidar com as flutuações de humor que caracterizam a doença”, diz ela. Lucia também salienta a importância do repouso. “O sono é muito importante para lidar com as fases de mania”, diz. “Quanto menos tempo eu durmo, mais eufórica fico. Mesmo quando o sono não vem, em vez de me levantar, eu me disciplinei a ficar deitada e descansar.”
Sheila, também já mencionada, achou útil manter um diário onde expressa livremente os seus sentimentos. Ela percebe que melhorou muito na maneira de encarar as coisas. Contudo, ainda tem alguns desafios. “O cansaço, por alguma razão, atrai pensamentos negativos”, diz Sheila. “Mas eu aprendi a brecá-los ou pelo menos diminuir a sua intensidade.”

Consolo da Palavra de Deus




A Bíblia é uma grande ajuda para os que sofrem com “pensamentos inquietantes”. (Salmo 94:17-19, 22) Cherie, por exemplo, achou muito encorajador o Salmo 72:12, 13, onde o salmista diz a respeito do Rei designado por Deus, Jesus Cristo: “Livrará ao pobre que clama por ajuda, também ao atribulado e a todo aquele que não tiver ajudador. Terá dó daquele de condição humilde e do pobre, e salvará as almas dos pobres.” Ela também se sentiu encorajada com as palavras do apóstolo Paulo registradas em Romanos 8:38, 39: “Estou convencido de que nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem governos, nem coisas presentes, nem coisas por vir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criação será capaz de nos separar do amor de Deus.”
Elaine, que tem depressão bipolar, considera a sua relação com Deus uma âncora que lhe dá estabilidade. Ela se sente muito consolada com as palavras do salmista: “Um coração quebrantado e esmagado não desprezarás, ó Deus.” (Salmo 51:17) “Eu me sinto muito consolada de saber que o nosso Pai celestial, Jeová, entende”, diz ela. “Aproximar-me dele em oração, principalmente nas horas de grande ansiedade e aflição, me dá muita força.”
Como se pode ver, conviver com um transtorno do humor apresenta desafios incomuns. Apesar de tudo, Cherie e Elaine constataram que a oração e a confiança em Deus, junto com o tratamento adequado, amenizaram o problema. Mas como os membros da família e os amigos podem ajudar?


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